'É ANGUSTIANTE NÃO SABER SE A PESSOA ESTÁ VIVA', DIZ GIULIA(EX-BE) SOBRE IDA DO NAMORADO À GUERRA DA UCRÂNIA

  GIULIA

‘É angustiante não saber se a pessoa está viva’, diz Giulia (ex-Be) sobre ida do namorado à guerra da Ucrânia

Cantora fala sobre namoro com Kennedy, crises de ansiedade e família envolvida em escândalo político: ‘Não é fácil viver nesse turbilhão’

Por 

Yasmin Setubal

 — Rio de Janeiro

21/01/2024 04h30  Atualizado há 5 horas

Bala 7Belo, pipoca e lanche do McDonald’s. Quem vê a lista de pedidos da cantora Giulia para o ensaio de fotos desta matéria logo nota que o paladar da cantora de 24 anos não é dos mais adultos. “Vivo invadindo festa de criança para dar uma passeada pelo bufê”, conta a carioca de gosto infantil e carreira de gente grande. Se você nunca dançou ao som de “Menina solta”, não está entre os cinco milhões de seguidores de @Giulia no Instagram e no YouTube e não sabe decor as estrofes de “Too bad”, tudo bem. Ainda está em tempo de conhecer um dos fenômenos pop da música brasileira com indicações ao Grammy Latino de 2021 e 2023 e tudo para estourar lá fora com seus mais de 1,5 bilhão de streams nas plataformas de áudio.


Na carreira musical desde 2018, Giulia Bourguignon Marinho já foi Giulia Be e, desde setembro, é GIULIA, assim mesmo, com maiúsculas. De olho no mercado internacional, retirou o “Be” do nome artístico e, ainda neste mês, se mudará para Los Angeles. Lá, vai trabalhar nos próximos lançamentos em parceria com a Roc Nation, empresa administrada por Jay Z que gerencia nomes como os das cantoras Rihanna e Alicia Keys. “Foi meu empresário, Jay Brown, que sugeriu tirar o ‘Be’, porque meu nome é diferente o suficiente nos Estados Unidos.”

GIULIA — Foto: Mateus Augusto Rubim
GIULIA — Foto: Mateus Augusto Rubim

Giulia começou a mostrar que levava jeito para a música aos 6 anos, quando aprendeu a tocar piano. Aos 8, já escrevia canções. “Sempre foi minha maneira de me entender como ser humano. Mas não tenho como não culpar a Hannah Montana por esse amor”, brinca, sobre a personagem interpretada por Miley Cyrus no seriado da Disney Channel, um hit da geração Z. Foram, no entanto, outros rockstars, os meninos da banda Maroon 5, que a convenceram de se lançar como cantora durante um encontro nos bastidores do Rock in Rio de 2017. “Falei para o guitarrista que cantava por hobbie, e acabamos entoando ‘She will be loved’ juntos. Ele foi a primeira pessoa a dizer ‘você devia fazer isso da vida’. Saí de lá decidida a ignorar os haters e acreditar que havia algo grande me esperando.”

Blindar-se de comentários negativos no início da carreira, porém, foi mais difícil do que pensava. À época, Giulia desenvolveu um quadro de depressão. “Estava sofrendo bullying de pessoas próximas, amigos e parentes que tiravam sarro de mim porque eu queria ser cantora. Há um enorme barulho interno entre ter um sonho e realizá-lo”, diz ela, que, além das sessões de terapia para domar a ansiedade, faz meditação e thetahealing, técnica que auxilia no autoconhecimento. “Consegui melhorar o diálogo com a família e com quem realmente era importante. Também fiquei mais consciente das mentiras que contava para mim mesma e das minhas autossabotagens.”

A boa notícia é que nenhuma tentativa de boicote foi suficiente para impedir que Giulia alçasse voos maiores na música e no cinema. Após estrear como atriz, em 2023, em “Depois do universo”, da Netflix, passou a integrar o elenco de uma produção internacional da Amazon, inspirada na série americana “Charlie Bone”, ainda sem previsão de lançamento. “Apesar de nunca ter atuado antes, Giulia entrou de cabeça na preparação, muito apaixonada e empolgada com o desafio”, diz Diego Freitas, que a dirigiu no filme nacional. Já Kaily Nash, que faz a gestão artística da Roc Nation, celebra a oportunidade de trabalhar com a cantora. “Seu imenso talento somado a uma ética admirável permitirá que se torne uma das principais artistas do jogo em escala global.”

GIULIA — Foto: Mateus Augusto Rubim
GIULIA — Foto: Mateus Augusto Rubim

Caçula dos empresários Adriana Bourguignon, que gerencia a carreira da filha no Brasil, e Paulo Marinho, filiado ao Republicanos e primeiro suplente do senador Flávio Bolsonaro no Congresso, Giulia sente as movimentações políticas da família respingarem em seu trabalho.

Paulo é ex-marido da atriz Maitê Proença, com quem teve uma filha, Maria, e foi um dos grandes apoiadores de Jair Bolsonaro, em 2018, mas rompeu ligações com a família do ex-chefe de estado no ano seguinte. Em 2020, depôs sobre Fabrício Queiroz, considerado peça-chave na investigação do caso das “rachadinhas”. Nas eleições de 2022, juntou-se a Giulia num encontro com o presidente Lula, declarando voto ao petista. “Não é que me afete, mas é algo do qual não consigo fugir. É a minha família. Não é fácil viver nesse turbilhão, mas aprendi que o melhor jeito de lidar com tudo é aceitar. Política é um assunto importante, e precisamos fomentar ainda mais discussões”, afirma a moça que, em breve, pode ganhar outro sobrenome importante da política.

Após dois anos de namoro à distância, Giulia, com a mudança para Los Angeles, irá morar na casa do namorado, o advogado Conor Kennedy, de 29 anos. Qualquer semelhança com o ex-presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, assassinado em novembro de 1963, não é mera coincidência. Conor é sobrinho neto de JFK, e o relacionamento entre ele a cantora teve início com uma troca de mensagens nas redes sociais. “Por meses e sem nos conhecermos pessoalmente, mandávamos cartas de amor pelo WhatsApp, umas cem mensagens falando sobre tudo que estávamos sentindo”, conta a artista. “Independentemente da distância, tentamos fazer com que nossa aproximação emocional esteja em dia. Às vezes, ligamos um para o outro, colocamos no mudo e assistimos ao mesmo filme só para compartilhar o tempo juntos.”

GIULIA — Foto: Mateus Augusto Rubim
GIULIA — Foto: Mateus Augusto Rubim

Conor, que namorou a cantora Taylor Swift em 2012, não mede palavras para se declarar à namorada brasileira e revela o que faz para aplacar a saudade. “Giulia é a melhor coisa da minha vida. Trocamos mensagens de texto bobas o dia inteiro, conversamos quase todas as noites e planejamos viagens para nos vermos. Ninguém me faz rir como ela e ninguém me ensinou mais sobre amor e compaixão. Sou um cara de sorte”, diz.

Outra provação que o casal precisou enfrentar foi o alistamento voluntário de Conor para lutar na guerra da Ucrânia contras as ofensivas da Rússia, que invadiu o país vizinho. O advogado passou três meses no front do conflito armado, que teve início em fevereiro de 2022 e que ainda segue em curso. “A princípio, ele não me falou o que ia fazer. Disse que estava indo embora por um tempo, que ia fazer algo, mas que eu tinha que confiar, que era um chamado. Quando uma pessoa fala isso, não tem como ir contra”, comenta Giulia. “É angustiante não saber se a pessoa está viva. Ficávamos muito tempo sem falar um com o outro porque ele estava em lugares perigosos. Mas Deus protegeu. Foi uma experiência que mudou nossa vida. Meu namorado é um ‘homão da porra.’.”

Porém, nem todas as relações de Giulia foram saudáveis. A cantora revela que já esteve num relacionamento abusivo, o que inspirou muitas composições. “Nunca sofri qualquer tipo de violência física, mas o cara me xingava e, cinco minutos depois, caso fosse conveniente, aparecia com um buquê de flores. ‘Não era amor’ fala sobre isso. Essas atitudes podem ser o que for, menos amor. Mas, na época, eu era muito nova para entender e saber lidar.”

GIULIA — Foto: Mateus Augusto Rubim
GIULIA — Foto: Mateus Augusto Rubim

Quando o assunto é maternidade, ela diz com convicção que terá filhos. “Acabei de conhecer a filha de uma prima e já me deu uma coceirinha quando vi aquele bebê fofo. Vou ser mãe, quero muito. Eu e Conor sempre falamos sobre isso, é um dos nossos maiores sonhos”, afirma a cantora, defensora ferrenha da legalização do aborto no Brasil. “Muitas mulheres morrem por abortos clandestinos. Enquanto as mais ricas conseguem fazer o procedimento com segurança, as periféricas perdem a vida por não terem acesso às clínicas. Isso precisa mudar”, defende. “‘Meu corpo, minhas regras’ tem que ser para todas, não só as mais favorecidas.”

E por falar em corpo, Giulia se emociona lembrando de momentos delicados em que a atacaram pelo o seu, ora pelo ganho de peso, ora pela perda. “Quando descontava a ansiedade na comida e engordava, me sentia insegura porque falavam que não podia usar determinada roupa. Quando emagreci, passaram a me chamar de cadáver e esquelética. Não dá para agradar a todos. Isso não é tão importante. O que importa é como eu vou me sentir bem”, declara.

GIULIA — Foto: Mateus Augusto Rubim
GIULIA — Foto: Mateus Augusto Rubim

Fonte:https://oglobo.globo.com/ela/gente/noticia/2024/01/21/giulia-troca-rio-por-los-angeles-fala-sobre-mudanca-no-nome-e-namoro-com-sobrinho-neto-de-john-f-kennedy.ghtml

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